Mentiras que contamos

“Você devia amá-lo demais, para me olhar daquele jeito”.

O que me perturbou muito tempo depois, quando olhei para essa foto. O que ainda me perturba enquanto escrevo estas linhas e as contemplo sobre a mesa, bem aqui, ao lado do teclado do meu computador. Agora eu sei. Sei que Thomas só concordou com essa única foto porque tinha entendido (decidido) que aquele era nosso último momento juntos. Ele sorri para que eu leve seu sorriso comigo.

Descubro (pobre idiota) a dor do sentimento de amor.

Pensar que eu poderia te amar talvez seja uma loucura passageira, mas penso. Nada espero de ti além de te olhar, te ouvir falar, te ver sorrir, te beijar. Este desejo não é direcionado, não é mais que um desejo de reaproximação

E se ele se arrependeu? E se, para ele, tudo foi apenas um momento de loucura, um erro trágico, um erro grotesco?

O amor são bocas que se procuram, que se encontram, lábios que se mordem, um pouco de sangue, os pelos da barba dele que irritam meu queixo, as mãos que seguram meu maxilar para que eu não consiga escapar.

“Porque você vai embora e nós ficaremos”.

“Porque você não é como os outros, porque eu só enxergo você, e você nem percebe”

A pergunta que se impõe é: “Por que eu?”.

…

Ele diz que não aguenta mais ficar sozinho com esse sentimento. Que isso o machuca muito.