Poemas de muitas faces, da autora pernambucana Aléxia Moura, é uma obra que pulsa intensa e nos põe a refletir profundamente. Dividido em três blocos, o livro desenha um julgamento aparentemente insólito na primeira parte, um leque de cenários poéticos e mais introspectivos na segunda, e um universo de gentes, terra, lida, suor e histórias na última parte. Mas o que de fato se pronuncia a todo tempo é a pergunta: quem tem direito à palavra? Palavra de cidadão, palavra de poesia, palavra íntima, palavra pública, palavra por direito e por justiça. Guardando referências a João Cabral de Melo Neto e Ariano Suassuna (mas também a outros autores extraordinários), a escrita de Aléxia é cadência bonita de ritmo e sonoridades, que nos transporta para uma espécie de teatro de grande crítica social. O que está em jogo é o corpo-indivíduo que ocupa ruas, calçadas e varandas, podendo de fato ocupar qualquer canto da sociedade. Esse indivíduo se identifica com outros; todos reivindicando voz, memória e uma janela para observar o mundo, que pode caber na poeira do sertão e na imensidão dos olhos de quem verseja.
SOBRE A AUTORA
«Levo comigo um pouco de tudo que li e de todos os grandes autores que já admirei, desde que me encantei pelos livros, aos nove anos. Ao descobrir a biblioteca da escola, comecei a ler por amor, incentivada por minha mãe e, por uma grata coincidência, logo me apaixonei pela mesma obra que ela, dentre os clássicos de Machado: O Alienista. Depois disso, comecei a escrever em casa, e de frase em frase esbarrei nos versos. Aos 11 anos, venci meu primeiro concurso literário, com poesia, e nunca mais parei de escrever. Sou pernambucana de Serra Talhada, tenho 26 anos, sou advogada, especialista em ciências criminais, e bancária. Mas é na escrita que me encontro. Em 2019, o destino felizmente fez com que encontrasse a Absurtos, e publicasse, apenas pela segunda vez, um poema em antologia nacional. De lá pra cá foram mais três participações, e agora a realização de um sonho, concretizado em folhas e tinta. Meu sonho tem cheiro de livro!»