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Revista Continente Multicultural #267

Tem sido, até aqui, uma trajetória de mais de três décadas, desde que a mineira — radicada no Rio de Janerio — Conceição Evaristo publicou seus primeiros poemas na série Cadernos Negros, do grupo Quilombhoje. Uma trajetória que incluiu a atuação na educação e na afirmação de sua negritude; de formação acadêmica, que contou com estudos de mestrado e doutorado. Uma trajetória de legitimação, pois, como ela diz na entrevista que concedeu à jornalista Paula Passos: «Não digo que as pessoas precisam fazer um curso de Letras para serem escritoras, não é isso. Temos uma série de escritores, escritoras negras e escritores negros que não fizeram e não são da área de literatura. Estão aí produzindo muito. Agora, no meu caso, o fato de eu vir da área de Letras, de participar dos seminários de Literatura, ajudou muito a divulgar a minha obra independente no meio universitário. Nós, negros, não podemos ser somente bons. Precisamos ser ótimos».
A entrevista com Conceição que publicamos este mês teve como fato motivador o relançamento da novela Canção para ninar menino grande, originalmente publicada em 2018 e que foi reescrita pela autora para a recente edição da Pallas. Com esse ponto de partida, conversamos com ela sobre processos criativos, temas e personagens da sua obra, que tem como marco a chegada da novela Ponciá Vicêncio, em 2003. Também, sobre a escrevivência, que ela define como a experiência «relacionada a essa escrita produzida pelas mulheres negras a partir das experiências dessas mulheres negras».
Neste número da Continente, também, destacamos o início de uma série de ensaios que publicaremos nesta e nas edições de abril e maio sobre a fundação do Recife, cidade que reflete tão bem as contradições do desenvolvimento das cidades brasileiras ao longo da história. Com a colaboração do jornalista Romero Rafael e do artista visual Jeims Duarte, começamos esta jornada pelo Bairro do Recife, de onde a cidade foi se espraiando até o continente. Revisitar essa história com a perspectiva do presente se constitui, como diz Romero, num caminhar sobre ruínas que não silenciam, ao contrário, escancaram as nossas relações com o que se tem chamado de progresso, que passa por cima de quem tenta frear sua voracidade. Esperamos que fiquem instigados em seguir conosco nessa caminhada pelas próximas edições.
183 tiskane stranice
Vlasnik autorskih prava
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2023
Godina izdanja
2023
Izdavač
Cepe editora
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